terça-feira, 25 de outubro de 2011

Madri-Barcelona - 4º Dia

Quarto dia de viagem, dia de mudar de cidade, nesse momento quando comecei a arrumar minha mochila sentia uma mistura de medo e anciosidade, até porque o único trem que havia andado em minha vida foi o trem do forró, com certeza esse não serveria de parâmetro. Do hostel a estação de trem seria um quilometro de caminhada, com mochila nas costas e aquele sol básico de todos os dias, quando uma das meninas sugeriu o táxi, ainda relutei um pouco, mas foi só o tempo de colocar a mochila nas costas e sentir o drama. Pegamos o táxi e quando olhei pela janela descendo a rua fui me despedindo de Madri, fiquei triste, mas um pouco a frente quando vi pedreiros numa construção, incrivelmente belos e sarados e lembrei dos nossos fiquei mais triste ainda. Chegando a estação, tudo tranquilo, fomos tomar café por lá mesmo antes que Cris tivesse um passamento (aliás todas nós), em seguida fomos agilizar o embarque, até porque ninguém nunca tinha andado de trem, para garantir qualquer eventualidade fomos direto esperar nosso horário, nesse meio tempo fiquei imaginando como seria, onde colocaria minha bagagem. Havia lido muito sobre, mas passar pela experiência é diferente.




Entramos, nos acomodamos e relaxamos, descobri que a bagagem fica onde der para colocar (na entrada, acima das cabeças ou mesmo atrás das poltronas), pontualmente o trem começou a mover-se, poucos minutos após, olhei para Cris e ela já estava dormindo, Isa ouvindo um forrozinho no celular e eu? Baixou uma tv no corredor e começou a passar um filme, me animei, principalmente porque eu não havia assistido, o filme se chamava "Rango". O trem chegou a 300 quilômetros por hora ligeiro feito bala, nesse hora me arrependi de não ter comprado mais bilhetes de trem do que passagens aéreas, pelo menos não teríamos que passar pelos contratempos que ainda viriam a ocorrer. Depois que o senhor passou conferindo as passagens de todos a lanchonete do vagão foi liberada, nos dirigimos até lá para comer algo e esticar as pernas, quando chegamos, ela já estava cheia, todos querendo ser atendidos e uma pessoa só para fazer tudo, com o decorrer dos dias eu passaria a entender porque tem tão pouca gente para dar suporte ao cliente em todos os lugares. Opa! Quase esqueço, você pode tomar água na torneira tranquilamente, não é com a nossa, mesmo assim agua era vendida engarrafada por um preço bem maior.

Apreciando a viagem, as paisagens, assistindo um filme ou ouvindo música chegamos a Barcelona as duas da tarde, a estação de trem de Barcelona era tão grande quando a de Madri e tão eficiente quanto. Desembarcamos e pegamos um táxi até o hostel, no caminho fomos admirando as ruas e os monumentos da cidade que até as Olimpíadas de 1992 ficou esquecida pelo mundo. Quando passei pelos anéis olímpicos não pude me conter de felicidade, as meninas não me entendiam, mas eu me apaixonei por Barcelona desde os jogos daquela época. O taxista nos deixou nas "ramblas" porque nossa rua estava bloqueada, a princípio pensei que era algum bairro barra pesada e que tínhamos nos metido numa roubada, mas logo depois pude perceber que estávamos no bairro gótico, um dos pontos turísticos de Barcelona, com suas ruas estreitas com séculos de existência. Vimos um restaurante charmoso vizinho ao hostel e mal conseguimos fazer o checkin pensando em comer, largamos tudo e descemos, invadimos o restaurante com aquela fome tradicional e pedimos logo de entrada umas tapas, depois os pratos principais. ATÉ QUE ENFIM UMA BOLA DENTRO, tudo estava fabuloso.



 Como diria minha avó: "comer no bucho e pé no mundo", pegamos o mapa e o guia e começamos a andar pelo bairro gótico. Descrever em palavras o que senti caminhando por aquelas ruas é injusto, tamanha é a beleza histórica que guarda aquelas paredes, hora nos achávamos, hora nos perdíamos, mas o tempo todo descobríamos a história em cada canto.




Depois de subir, descer, entra e sair de ruas fomos seguindo o mapa em direção ao museu Picasso, mas quando chegamos ele já estava fechado, porem logo a frente iríamos nos deparar com o parque da cidade, com o museu de ciências naturais, arco do triunfo e um emaranhado de ciclistas e pedestres para todos os lados. A tradicional vida de quem vive em Barcelona se retratava nas imagens que vimos, uma perfeita combinação de bem estar com paz.


Voltamos para o hostel, a noite ainda estava para começar, combinamos de ir para a boate no dia seguinte, então decidimos sair apenas para jantar e passear nas ramblas apreciando a beleza de suas estátuas vivas e artistas. Tentamos bastante apenas fazer isto, mas assim que colocamos os pés na rua vários promoters nos cercavam a todo tempo, tentando vender pacotes de boates e entradas vips, esperamos a melhor proposta e ela veio, um grupo nos ofereceu entrada grátis e uma dose free e para completar ainda ficava pertinho. Com os convites na mão, agora sim fomos jantar, pedimos algumas tapas e a tradicional sangria (uma mistura de vinho, e outras coisas que ainda não descobri), como a sorte não bate duas vezes no mesmo lugar, uma das tapas que pedimos venho com lula, uma perseguição. Entes que eu me esqueça, assédio total, Barcelona naquela noite parecia mais uma cidade universitária, onde todo mundo era calouro e queria pegar geral. Quando estávamos empolgadas na conversa passou um grupo de rapazes por nós, pararam e vinheram falar conosco falando meia palavra de portunhol, saquei logo a conversa de brasileiro esperto e quando um deles venho com portunhol eu fui com português mesmo, não deu outra, caíram na risada e para sair de lá foi luta, descobrimos que eles eram da herbalife e estavam em um congresso (por isso as ruas de Barcelona estavam repletas de camisas da herbalife). A conversa estava muito boa más tínhamos que entrar na boate até duas horas, como já era uma, demos um passa fora nos brasileiros. Quando entramos vimos que aquela história de cidade universitária não era impressão, só tinha universitário na festa, tomamos umas doses, curtimos a festa um pouco mais e fomos para o hostel dormir bem molinhas, até porque depois de fazer uma viagem de Madri para Barcelona, passar o dia e a noite na rua minhas baterias precisavam recarregar, quando chegamos ao quarto desejamos ardentemente um quarto com ar condicionado, nunca pensei em passar tanto calor na noite de Barcelona, imagina só o dia seguinte.