Depois de uma noitada na Opium, fomos para casa exaustas, último dia em Barcelona seria tudo ou nada, dia de fazer tudo o que ainda não tínhamos feito. Levantei as onze horas como sempre e já me deparei com Cris, como diriam os espanhóis aburrida ( chateada ), perguntei a ela o que tinha acontecido, ela me disse que não aguentava mais, o quarto era quente e o sino começo a badalar as nove horas (pontualmente) e desde então ela não dormiu mais. Queria pegar um vôo e voltar para casa, isso se chama a síndrome dos seis dias, quanto você não aguenta mais visitar pontos turísticos, comer coisas diferentes, nem ver pessoas diferentes ou falar línguas diferentes, bate uma saudade danada de casa, se a pessoa conseguir sobreviver ao sexto dia, pode ter certeza que ela ficará toda a viagem. Mas voltando ao problema, depois de tomar um banho e esfriar a cabeça, descemos para comer no restaurante vizinho ao hostel, comemos bem e o ânimo de caminhar mais um dia voltou. Eu ainda não havia comentado, mas em frente ao hostel tinha uma loja de lenços muito bacana, eu já havia percebido que todas as mulheres usavam muitos lenços na Espanha, não sei se era pelo clima ou mesmo pelo belo adorno e quando voltávamos ou saíamos do hostel paquerávamos muito com essa loja. Como era o último dia, entramos dessa vez para comprar. Olhamos vários, as meninas compraram para elas e para dar como presentes, já eu não consegui optar por nenhum, eram todos tão lindo que deixei para escolher na volta para o hostel a noite (erro, quando voltamos a loja já estava fechada). Porém o mais inusitado desta compra foi o vendedor, como eu era as relações públicas dessa excursão de três, eu traduzia as dúvidas e passava para o vendedor, só que ele era muito gato e as meninas ficavam me dizendo, diga que ele é gato, ele é fofo, e lógico eu falava para ele outra coisa, mas a resenha já estava tanta que ele não entendia, mas percebia que eu não estava falando tudo, então elas falaram uma palavra que aprenderam ligeiro quando chegaram a Espanha, "guapo" (bonito), ele percebeu e devolveu a cantada: " Diga a ela que de duas horas eu estou livre para um café". Compramos os lenços e fugimos para nosso último dia turístico na cidade. Sorrindo, depois de comer e levar uma cantada, subimos as ramblas em direção a saída dos ônibus, pegamos a rota azul e fomos direto ao ponto turístico mais famoso de Barcelona, a Igreja da Sagrada Família, uma obra fascinante do artista Gaudí iniciada em 1882 ainda incompleta, deixada como herança para o povo.
Quando chegamos a Igreja, todos os turistas do mundo estavam lá, não haveria como entrar sem pegar uma fila de pelo menos duas horas (erro, sempre comprar os bilhetes pela internet), só olhamos por fora, tiramos fotos, apreciamos ela por mais alguns minutos e seguimos em direção ao Parque Guell, mais uma obra de Gaudí. Quando descemos do ônibus, vimos um café fomos para lá, relaxar um pouco para seguir viagem, para chegar ao parque tínhamos que subir uma baita ladeira. Ao chegar no parque, percebemos como Gaudí era perturbado, por todo o parque tinha suas criações, desde mosaicos a esculturas. Os traços na arquitetura eram marcantes, foi nessa hora que Cris olhou para nós e disse: " Esse Gaudí, só podia não ter namorada para ter tempo de inventar e construir tanta coisa". Verdade seja dita, ele era um monstro nas artes, em todos os lugares da Espanha tem marcas de suas criações. Voltando ao passeio, enquanto entrávamos no parque e disputávamos lugar entre os turistas para tirar fotos na frente do parque com um lagarto de azulejos, os artistas locais trabalhavam, um deles me parou e pediu para fazer uma foto minha que se eu não gostasse não iria pagar, aquela conversa toda de vendedor de peixe, mas aí ele fez, para minha surpresa, não seria nenhuma pintura, ele cortou um pedaço de papel e me recortou no papel, como eu estava no momento, ficou lindo, uma linda lembrança de Barcelona, realmente valeu dois euros.
Começamos a andar pelo parque, mas na realidade não conseguíamos sair da frente do parque, o qual era o mais bonito, subimos alguns degraus e chegamos ao topo, esculturas espalhadas pelo terraço, azulejos adornando os bancos e uma linda vista da cidade.
Saímos do Parque Guell com uma certeza, Gaudí era meio pirado e não tinha namorada, só isso para justificar tamanha imaginação. Quando saímos do parque e estávamos descendo a ladeira, nos deparamos com mais um artista local, sentado, só Deus sabe em que. Colocamos algumas moedas e tiramos uma foto com ele, para depois olhando bem para ela, tentarmos imaginar como ele faz isso.
Descemos a ladeira e fomos em direção a próxima parada, naquele dia, tudo estava dentro do cronograma, próxima parada Camp Nou, estádio do Barcelona. Outro arrependimento foi não ter colocado um jogo do Barça no roteiro da viagem. Quando chegamos ao estádio, outra facada para entrar, optamos por não entrar e fomos para a lojinha comprar algumas lembranças, entre camisas, chaveiros, garrafinhas, bolas, ficamos loucas e loucura também seria gastar muito ali, tudo muito caro. Fizemos compras, ficamos por ali, tiramos umas belas fotos, fingimos jogar bola com Merci e depois seguimos viagem para a Praça Catalunya, última parada.
Saí do Camp Nuo, com um desejo, da próxima fez não deixo um jogo do Barça passar em branco. Seguimos viagem no ônibus de turismo, apreciando a beleza da cidadela olímpica e do porto, não descemos para olhar, porque a essa altura, já não tinha mais pernas para andar, então só paramos no último ponto, a praça Catalunya. Ao chegar a praça, ainda eram incríveis dezoito horas, cedo demais, bateu aquela fome e corremos para o Big Mac, logo após fomos olhar a Zara e H & M, tentar comprar algo para o resto da viagem, improvisar. Voltamos para hostel, para descansar, nosso vôo era ás 6 horas, tínhamos que arrumar a bagagem, organizar documentação, providenciar táxi, tudo isso para não corrermos o risco de chegarmos tarde e perdermos o vôo, antes que eu me esqueça, Cris sobreviveu a síndrome do sexto dia, não pediu mais para ir embora, e depois de Ibiza ela não falou mais nisso. Nossa próxima parada e próxima cidade seria Ibiza e o que estava por vir nem a mais otimista de nós poderia imaginar.