terça-feira, 22 de outubro de 2013

2º DIA - PARIS

O voo saiu no horário previsto 20:55 e chegou em Lisboa as 06:55 do dia seguinte, meu local de conexão, lá eu iria passar pela imigração e pegar outro voo para Paris. Apesar de já ter uma certa experiência, a imigração sempre me assusta, o fato de ter meu visto recusado por ser mulher e ir sozinha me fez perder o sono mais vezes do que dormir em dormitórios com pessoas desconhecidas, experiência que eu ainda não tinha passado. Então com o passaporte na mão, todos as hospedagens, os bilhetes de trem e o voo de volta impresso, chegou minha vez, o atendente muito simpático olhou meu passaporte e perguntou para onde eu iria, eu falei todos os países e cidades que eu iria passar, como fosse uma prova de vestibular, sem titubear ou gaguejar, e quando veio a pergunta: "Está viajando com quem?" Eu gaguejei. Falei que iria sozinha porque meus amigos não puderam vir, por questões financeiras ou de datas, enfim, iria até o leste europeu, ele olhou novamente para meu passaporte e me disse: "Boa viagem". A respiração que estava presa saiu com um "obrigada" e segui caminho. Imigração vencida hora de passar seis horas em um dos maiores dutty frees que já conheci, parecia um shopping, cheio de lojas e opções, colocava o de São Paulo e Buenos Aires no bolço, já comecei a fazer umas comprinhas, tudo dentro do previsto, isso é um dos benefícios de viajar de mochila, não se pode comprar tudo.
As 12:50 meu voo partiu de Lisboa com destino ao verdadeiro início da viagem, as 16:20 cheguei a cidade luz, peguei minha bagagem e comecei a me virar. Como quem tem boca vai a Roma e a Roma já fui, então a Paris vou tirar de letra, não foi bem assim. Eu havia comprado um passe de ônibus, pela internet,  para me deslocar do aeroporto ao centro de Paris, até aí tudo bem, todos a quem pedi informações me deram (em inglês) por completo, a famosa fama do francês que não é receptivo e não gosta de dar informações morreu logo no primeiro dia. Localizei a parada, que diga-se de passagem com painéis digitais que informavam os ônibus que lá passavam e o tempo de chegada de cada um. Lá chegou meu ônibus, como não conhecia a cidade, resolvi parar não no centro, mas o mais próximo possível  de uma das estações centrais de trens, em Montramartre, desci e com meu mochilão comecei a circular procurando o metrô, como cansaço com fome não combinam, não aguentei procurar o metrô nem por trinta minutos, pedi arrego e peguei um táxi, a ideia inicial seria táxi zero, mas em alguns momentos, como chegada e saída das cidades, se deslocar com a mochila era muito cansativo e nessas horas o táxi foi a salvação. Dessa forma eu cheguei ao St Christopher´s Inns Paris, um dos três hostels da franquia que eu iria passar. Confesso que escolhi esse hostel pelos dormitórios, eles tinham cortinas onde eu poderia ter uma certa privacidade, o que faria toda à diferença para uma primeira vez viajando só, ele também tinha um lounge com uma vista para o canal (lindíssimo) e um bar que funcionava até meia noite, tudo isso também somaram pontos.







Depois que fiz o check in subi para meu quarto, fiquei espantada como o hostel era organizado, desde a recepção, até o caminho para os dormitórios femininos. Logo no elevador o primeiro mico, assim que entrei eu apertava o botão e o elevador não dava nem sinal de vida, podem rir, eu só viajo uma vez por ano, eu não sabia que tinha que passar o cartão (chave) no mesmo para ele se mexer, chegando no quarto o primeiro impacto foi estranho, eu não conseguia relaxar, entrei falei com as meninas, abri e fechei o meu armário muitas vezes, não sabia como me portar,logo na recepção você recebe uma chave que dá acesso ao seu andar, somente a ele, e ao seu quarto, e sua cama está lá, com a numeração dada no ato do check in e lençóis trocados lhe esperando. A primeira coisa que percebi foi que realmente o quarto é só para dormir, ninguém está nele durante o dia, salvo aqueles que estão chegando, assim como eu, as pessoas que estavam hospedadas foram chegando no decorrer da noite dos passeios por Paris. Depois de ambientada, tomei um banho, tranquei meus pertences e fui dar uma volta pelo bairro, conhecer onde eu estava, tirei algumas fotos, mas achei o bairro esquisito, era uma quarta-feira e tinham poucas pessoas pela rua, um frio danado, andei um pouco, passei num restaurante próximo dali, comi algo e voltei para me deitar, precisava estudar a cidade, amanhã eu teria que aprender o mais rápido possível a andar em Paris.




Quando cheguei no quarto, já haviam mais pessoas, duas australianas, uma chinesa, uma colombiana e uma brasileira, Ana, uma excelente pessoa que conheci nessa viagem, alegre, espontânea, e cheia de dicas para me dar, conversamos, ela me contou como havia sido sua experiência em Londres (a cidade anterior a Paris que ela havia passado) e o seu dia em Paris, era a primeira vez dela também viajando sozinha, então tínhamos muito o que conversar. Eu quero frisar nesse primeiro dia o local onde me hospedei, seguro, confortável, limpo e barato (34,44 euros/dia), porém distante dos pontos turísticos, o que para um primeiro momento me deixou preocupada, fato este que foi resolvido no dia seguinte, quando comecei a desbravar o metrô parisiense, malha esta com um alcance e uma eficiência impressionantes e que me fez desejar que aqui fosse do mesmo jeito.


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

1º DIA - EMBARQUE

Chegou o grande dia, hora de tirar o checklist (aplicativo para smartphone "Trip Planner") do celular e começar a organizar a mochila. Nesse momento, depois que falei a palavra "mochila" muitas pessoas devem estar imaginando: " Como passar 16 dias na Europa com uma mochila? ".
Para os homens estes questionamentos são resolvíveis, para as mulheres é motivo para passarem noites sem dormir imaginando como não levar todos os sapatos? Como não levar várias combinações de roupas? Como esperar, as vezes, uma vida inteira, para conhecer o lugar mais lindo do mundo e repetir a roupa? Como não levar chapinha e ou secador? Acredite, tudo isso é possível, basta ter imaginação e bom senso.



Antes de sair colocando tudo na mochila descontroladamente, tenha em mente que tudo não caberá, então filtre as roupas, não precisa ser nenhum expert para saber que as cores preto e branco são cores chave e nem que assessórios como lenços, cachecóis e echarpe,  podem fazer uma grande diferença em roupas básicas. Como você viajará com um tênis, para 16 dias você não precisara de outro, procure evitar chuvas e poças para não molhá-lo ou sujá-lo. Como viajo no outono vou pegar um certo friozinho, então não adianta levar sandália se eu não irei usá-la, coloque uma bota (de preferência cano curto) e se sair a noite, use-a. Sua rasteirinha para tomar banho é fundamental, os banheiros geralmente são muito limpos, mas tomar banho descalço são para os fortes, não é meu caso.
Resolvido o problema dos calçados passaremos para as calças, já que você vai com uma, leve mais duas ou três (se não for levar shorts), uma escura para alguma balada eventual. Para as blusas, é hora daquele bom senso falado anteriormente. Se você vai passar por cidades com temperaturas variando entre 12º e 17º não morrerá de frio, então coloque algumas camisas com manga e outras sem manga, já que você também usará um casaco o tempo todo. Agora é a vez dos casacos, lembre-se que você vai de mochila e não caberá todo o seu guarda-roupa nela, então com os casacos, leve no máximo cinco e coloque apenas quatro na mochila, o outro ira contigo e com a bagagem de mão. O secador e a prancha, esqueça, faça uma escova de um mês e compre um secador pequeno para viagens, se não quiser comprar não tem problema, com a escova seu cabelo ficará lisinho por um mês e venhamos e convenhamos cabelo é a última coisa que você vai lembrar numa viagem dessas.
Agora vamos as miudezas, consiga uma frasqueira pequena para colocar suas bijus e seus remédios, sim! remédios, para dor de cabeça, garganta, alergia, dores em geral e ressaca, previna-se, tudo em outro país é mais difícil. Os seus utensílios de limpeza, coloque em uma bolça para eles, o que não couber você pode espalha-los pela mochila, lembre-se de comprar produtos pequenos, que não pesem e nem ocupem muito espaço, certifique-se que sua mochila tem capa, no outono chove muito nos países europeus. Pronto! espaços principais preenchidos, preencha os bolsos com o que não couber e pode fechar. A bagagem de mão é a parte mais fácil, nela você colocara seus vouchers e documentos em geral, o notebook, carregador, adaptador universal, máquina fotográfica, cadeados e lógico, dinheiro, muitas pessoas colocam uma muda de roupa, o que é prudente.
Minha mochila tem 63 litros, o ideal para minha altura (1,58 m) e força, mochilas muito grandes quando cheias se tornam muito pesadas, esta quando cheia pesa no máximo 18 kg, e mochilas muito pequenas podem não caber tudo que você quer levar, então optei por uma dessa litragem, cheia de bolsos e uma divisória entre a parte de baixo e a de cima. Tudo pronto, vôo confirmado, hora de embarcar, para as pessoas com medo de viajar sozinhas, com a quantidade de informações que temos hoje, através da internet, só fica em casa quem quer, me recordo de uma frase que uso até hoje em algumas postagens e que me ajuda muito quando bate o medo do desconhecido.

" O mundo é do tamanho da sua coragem"



BON VOYAGE