quarta-feira, 19 de março de 2014

11º DIA - BERLIM

Meu último dia em Berlim, esse post, sem dúvida, vai ser o menos rico em fotos, o menos glamouroso, mas para mim esse foi o dia mais emocionante de toda a viagem. O dia começou como todos os outros, frio, na noite anterior, depois de tantos conselhos da minha guia, resolvi segui-los, fui ao encontro do grupo para fazer o passeio ao campo de concentração de SACHSENHAUSEN, e este dia, ficou marcado na minha vida para sempre. O ponto de encontro foi o mesmo do dia anterior, então não haveria como errar o caminho, certo? Dessa vez certo. Cheguei no horário e para este dia somente a turma de espanhol estava disponível, então abri bem meus ouvidos e fui com a turma, no mesmo metrô que vim também tinha uma linha para trens regionais, o que nos levaria a outra cidade nos arredores de Berlim, diferentemente do dia anterior que eu era única, nessa turma haviam pessoas de várias partes da Europa, que falam o espanhol e também da América do Sul, umas vinte mais ou menos, lotamos o vagão. Chegamos na cidade em questão, o qual agora, não me recordo o nome, nela pegamos um ônibus de linha que nos levaria a zona rural, onde ficava o campo de concentração, ao chegarmos, nada de diferente, mas as redondezas do campo já mostravam a história, logo na entrada o guia parou e nos falou sobre as boas casas que existiam nas imediações, e que antigamente pertenciam ao alto escalão militar nazista, na entrada do museu existia um mapa de todo o campo e lá parado naquele mapa de pedra ele foi nos contanto, passo a passo, como funcionava a organização de entrada de pessoas, e da funcionalidade estratégica do lugar, até aí tudo bem, nada de extraordinário que eu já não tenha visto na internet, continuamos caminhando e foi aí que tudo mudou.




Chegamos ao portão de entrada do campo, logo na entrada o guia nos falou que lá dentro não era um lugar para sorrisos, fotos, lá dentro foi um lugar de morte e tristeza, mas que faz parte da história e serve para ser lembrado pelas próximas gerações, para que não volte a ocorrer novamente, assim sendo desliguei a máquina, ou quase.



No Portão principal a frase abaixo está presente em todos os campos de concentração, traduzindo: " O Trabalho Liberta". Por mais irônica que seja, os nazista queriam passar para toda sociedade e para o mundo que aquele era um abrigo para presos políticos contrários ao regime e não campos de concentração e extermínio de judeus.


Entrando em suas área, o silêncio reina absoluto, ele começou contando como funcionava a parte externa, nos mostrou o relógio parado com o final da guerra, o campo, as cercas, a guarda, depois passou para as dependências internas, os dormitórios, cozinhas, tudo foi esmiuçado passo a passo. Eu vou tentar transcrever o que senti. Ao entrar no campo, eu senti pesar, porque imaginei as pessoas ali, sem escolha, sem esperança, quando vi o arame farpado e a zona da morte fui transportada para aquela época e a tristeza baixou em meu coração, avançando para a ala seguinte, ele nos levou para os alojamentos, hoje mantidos e nos mostrou como eles comiam, faziam a higiene e dormiam, para cada nova dependência uma sequência de fotos, objetos pessoais, roupas, eram expostas nas paredes para que tudo aquilo nos fizesse entender como era a vida em um campo de concentração como aquele.





Olhando para aquelas camas de pouco mais de um metro e meio, para aqueles banheiros sem nenhuma higiene eu me perguntei, porque? E para cada expressão de horror em nossos rostos, esse "porque" vinha cada vez mais vezes. Saímos dos dormitórios e fomos para uma pequena prisão, de lá seguimos para um museu dentro do museu, lá dentro podemos nos deparar com diversos objetos, dos mais diversos tipos, usados no campo de concentração, desde roupas dos prisioneiros, até o maquinários usado para o trabalho pesado, foi lá dentro que o guia falou sobre os demais campos de concentração espalhados pela Alemanha e do tão falado campo de contração de Auschwitz.



Saindo dali seguimos caminhando pelo campo, passamos por alguns pontos, dentre eles, o muro de fuzilamento e logo em seguida um memorial que foi erguido dentro do campo em homenagem a todas as vidas perdidas ali.



Depois de 6 horas de tour, finalizamos no lugar mais mórbido de todos, o necrotério, confesso que pouco tempo fiquei lá, que pouco quis ouvir, mas tudo que ouvi foi muito forte e muito triste, saí do campo de concentração de Sachsenhausem com um peso na alma, mas conhece-lo foi incrível, saber que um dos maiores massacres da história ocorreu em campos como aquele, em um passado tão recente, foi muito válido, andar por onde andei, ver o que eu vi e sentir o que eu senti, ao estar lá, foi mais do que uma aula de história, foi uma aula de vida.